segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Paz


Pedi a ela que me deixasse em paz.
Ofendida, respondeu (como sempre odiei) ok
e desligou na minha cara.
Depois de tanto tempo ainda não sabe?
Paz!
Sem ela, essa palavra são só três letras agrupadas ao acaso.
Ao lado dela aconteceram os meus raros momentos de paz.
Nos braços dela.
Com a cabeça no peito dela.
Sentindo o cheiro dela.
Olhando o sorriso dela
e os olhos dela que me olhavam.
Olhos onde eu podia me ver.
Ver-me claramente.
Ver-me sem os disfarces usuais.
Estes, eram para as outras pessoas, não para ela!
Ela me deixava nua,
 despida,
descabelada
Esvaziava-me para depois me encher,
completar.
Com ela,
ali,
nua,
aquecida pela sua pele,
embalada pela sua voz,
seu respirar,
seu pulsar ,
seus “ésses” puxados em tom rouco...
Ali, eu podia ser qualquer coisa.
Eu podia ser tudo.
Eu podia ser nada.
Eu ERA e me bastava.