sábado, 14 de dezembro de 2013

Sempre me encantaram as suas cores. Fito-me no espelho e vejo apenas variações de tom. Cabelos, cílios, olhos, pele, pintas. Tudo marrom. Algumas vezes claro,outras escuro, mas sempre marrom. Como se eu fosse uma impressão em escala de cinza em alta definição (se escala de cinza fosse marrom) e você uma impressão colorida em papel couché. Você é marrom também (nas suas sardas) mas é amarela, vermelha, branca, rosa e verde. E eu querendo mergulhar nesses olhos para ser colorida por você.

Então é Natal

Nunca acreditei em Papai Noel!
Também não acreditava em amor.
E nenhuma dessas coisas nunca fez de mim uma pessoa triste.
Mas aí um dia apareceu uma pessoa e me disse que amor existe sim.
Eu que sempre me senti feliz, virei a felicidade em pessoa e gritei aos quatro ventos:
“AMOR EXISTE! AMOR EXISTE! AMOR EXIS” – não, não existe!- Me esclareceu a mesma pessoa e foi embora, junto com a tal felicidade.
Naquele momento fiquei contente por ter sido uma criança que nunca acreditou em Papai Noel. Se aos vinte e poucos anos de idade já doía daquele jeito, imagine receber uma notícia dessas aos seis, sete anos!
O tempo passou e não é que quando eu menos esperava o danado do amor me encontrou distraída subindo uma ladeira, em pleno feriado, às nove horas da manhã?
Mas era só brincadeirinha. Igual ao tio magro que usa roupa vermelha e barba de algodão no Natal. Assim como as crianças, no fundo você sempre soube que não era real, mas você queria acreditar mesmo assim. Afinal, mesmo não sendo verdadeiro o Papai Noel dá presentes e proporciona alguns momentos de alegria. Bom, pelo menos às crianças que se comportam bem.
Talvez com o amor também seja assim, talvez ele realmente exista, mas algumas pessoas só mereçam sacos de carvão. De qualquer forma sempre é possível fazer um churrasco e esperar o próximo Natal.
Mas eu, que sou vegetariana, vou te contar um segredo: O Papai Noel existe sim. E sou eu quem o ajuda a entregar os presentes. Eu e o Rudolph, é claro.

Hoje não

Hoje você está chegando de viagem.
Mas hoje ninguém vai sentir aqui no corredor o cheirinho da comida gostosa que eu preparei pra você.
Hoje ninguém vai me ver na janela esperando avistar o táxi que vai te trazer do aeroporto.
Hoje eu não vou correr para a porta para te ver saindo do elevador.
Hoje eu não vou ver seu sorriso ao entrar em casa nem sentir seu abraço demorado.
Hoje nossos corações não vão bater forte contra os nossos peitos querendo se cumprimentar também.
Hoje eu não vou ouvir você contando todas as novidades e histórias da viagem com o sotaque  que tanto gosto.
Hoje não vai ter conchinha
Hoje não vai ter nem você cansando da conchinha e procurando a minha mão para dormirmos de mãos dadas.
Hoje não vai acontecer nada

E amanhã, e depois de amanhã e depois... e no ano que vem... ainda vai ser hoje.

Presença

Tive um desejo profundo de me fundir nela, misturar-me a ela ao ponto de não saber mais onde ela termina e eu começo. E assim, unidas, viveríamos para sempre, sem sequer precisar pensar sobre o assunto.

Logo eu! Que sempre quis dar uma espiadinha no futuro. Uma olhadela para saber o que me aguardava daqui a uns anos...

Agora não queria mais sair do presente. Viver o presente demoradamente a cada instante e desse tempo não mais sair. Pois é no presente que ela existe e NÓS também.