Logo na entrada havia uma mangueira. Um pé de manga rosa.
Estávamos no mês de dezembro e a primavera já ia pelo fim. Aqueles frutos rosa
de aparência apetitosa contrastando com o verde das folhas me convidavam a uma
suculenta mordida. Seu cheiro parecia
entrar pelas minhas narinas e atravessar todo o meu corpo antes de seguir até o
fim da rua. Imaginei todas as tardes quentes que passaria saboreando essas
mangas. Esparramada no chão da varanda, vasilha cheia de fruta no meio das
pernas, o cabelo balançando com a brisa quente... Como eu sentia prazer só
de imaginar! Arrancar aquela casca rosa com os dentes para encontrar a polpa
amarela, doce e suculenta, escorrendo pelo canto da minha boca, pelos meus
dedos, pingando na minha saia estampada...