Eis que surge materializado na minha
frente, em meio aos comandos de programação que não sei executar, um distinto
senhor. Olhos azul piscina, cabelos muito brancos, bochechas coradas e sorriso
simpático. Russo. Terno engomado, gravata borboleta e tênis. Porque a idade
avançada já não permite o desconforto de certos sapatos.
Saído de um
livro texto para Engenharia - ou melhor, ELE é o livro texto - somente para me dar
esta lição: no fim tudo deve ser simples.
Ali, em pé, na frente do quadro negro, em meio às carteiras e olhares
confusos dos estudantes ele me falou:
"Não importa o quão árduo seja o seu
trabalho, minha filha. Você tem que trabalhar duro, lutar, mas no fim tudo deve
chegar a uma simples equação de fácil solução."
Obrigada,
doutor Popov¹! O senhor nunca imaginaria que suas palavras em russo, ditas a um
aluno brasileiro de origem alemã, hoje um tanto rabugento, chegariam aos meus
ouvidos. Prometo guardar com carinho as sábias palavras e tentar colocá-las em
prática.
Em uma
singela homenagem póstuma, enuncio aqui uma simples lei da Física que resolve
incontáveis problemas pelo mundo afora.
Para
lembrar:
“Cê é igual
à raiz quadrada de a ao quadrado mais bê ao quadrado menos dois a vezes bê
vezes o cosseno de téta.”
Uma pena
essa não poder ser aplicada à vida!
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¹ E.P.Popov
(1913 – 2001) escreveu, dentre muitas coisas, o livro “Resistência dos
materiais” e foi pioneiro no estudo do comportamento inelástico e resposta
sísmica do concreto armado e aço. Sabia das coisas o doutor Popov, afinal “ o
mundo é mesmo de cimento armado”