quinta-feira, 22 de novembro de 2012

In memoriam



Eis que surge materializado na minha frente, em meio aos comandos de programação que não sei executar, um distinto senhor. Olhos azul piscina, cabelos muito brancos, bochechas coradas e sorriso simpático. Russo. Terno engomado, gravata borboleta e tênis. Porque a idade avançada já não permite o desconforto de certos sapatos.
Saído de um livro texto para Engenharia - ou melhor, ELE é o livro texto - somente para me dar esta lição: no fim tudo deve ser simples.

Ali, em pé, na frente do quadro negro, em meio às carteiras e olhares confusos dos estudantes ele me falou: 

 "Não importa o quão árduo seja o seu trabalho, minha filha. Você tem que trabalhar duro, lutar, mas no fim tudo deve chegar a uma simples equação de fácil solução."

Obrigada, doutor Popov¹! O senhor nunca imaginaria que suas palavras em russo, ditas a um aluno brasileiro de origem alemã, hoje um tanto rabugento, chegariam aos meus ouvidos. Prometo guardar com carinho as sábias palavras e tentar colocá-las em prática.

Em uma singela homenagem póstuma, enuncio aqui uma simples lei da Física que resolve incontáveis problemas pelo mundo afora.

Para lembrar:

“Cê é igual à raiz quadrada de a ao quadrado mais bê ao quadrado menos dois a vezes bê vezes o cosseno de téta.”

Uma pena essa não poder ser aplicada à vida!

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¹ E.P.Popov (1913 – 2001) escreveu, dentre muitas coisas, o livro “Resistência dos materiais” e foi pioneiro no estudo do comportamento inelástico e resposta sísmica do concreto armado e aço. Sabia das coisas o doutor Popov, afinal “ o mundo é mesmo de cimento armado”


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