sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Noite Roxa



Roxa era a flor que eu dei a ela. Como aquela que nasce no coração dos trouxas. Poderia ter colhido no meu próprio jardim, cultivado já há dez anos com tanto esmero. Mas não, roubei-a de um buquê alheio. Um buquê multicolorido. Dentre todas as cores, escolhi a roxa, dentre todas as roxas, a mais roxa.

A flor roxa foi recebida por um sorriso tímido e um pregador também roxo e passou a fazer parte da decoração.

Eu fui recebida por um sorriso tímido, um abraço e um coração acelerado. Assim pensei na hora, mas a verdade é que não conheço o ritmo daquele coração para dar conta de mudanças no seu velocímetro.

Falei de alegria, crianças, borboletas. Falei de problemas.

Quis colo. Recebi.

Ouvi falar de literatura, namoradas, dores, medos. Medo de mim.

Quis dar colo. Não sei se consegui.

Visita rápida. Na despedida, como na primeira vez, em pé. Deixei-me beijar. Sem barreiras. Olhos fechados, cabeça pendida para um lado, receptiva como poucas vezes sou. Os lábios dela passeando pelo meu rosto, colo, pescoço... Ouço uma respiração alta e entrecortada e abro os olhos. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que era eu que, passivamente, emitia aquele som.

Atordoada, achei melhor ir embora. No caminho para casa sorri sozinha.


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